Oriundo de estirpe
aristocrática, pois era filho do Marquês Merry del Val e da Condessa
de Zulueta, em suas veias corria sangue ilustre de vários países da
Europa: Espanha, Inglaterra, Holanda. Consagrando-se ao serviço da
Igreja, ao receber as Sagradas Ordens e a plenitude do Sacerdócio
não perdeu nada de seus dotes naturais, antes os elevou. Pois o
próprio da graça é não destruir a natureza, mas elevá-la e
santificá-la. Sua sabedoria profunda brotava de uma fé ardente, de
uma piedade admirável. Sua força era a expressão de uma temperança
sobrenatural. Sua dignidade era fruto de uma alta consciência do
respeito que devia a si próprio por tantas razões naturais e
principalmente sobrenaturais.
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Numa época em que um vento
de vileza sopra em tudo, e procura até mediocrizar o Sacerdócio,
preconizando um tipo de Clérigo amesquinhado, vulgarizado,
secularizado, ao sabor da demagogia reinante, a nobre figura do
Cardeal Merry del Val se apresenta como um admirável modelo de
dignidade sobrenatural, que nos faz entender bem a dignidade
inefável do Sacerdote na Igreja de Deus. Dignidade esta que pode
refulgir tanto em um Prelado como Rafael Merry del Val quanto no
mais modesto Vigário de aldeia.
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A altivez cristã não é o
contrário da humildade. Antes é seu complemento harmonioso.
O Secretário de Estado de S.
Pio X era uma alma profundamente humilde e a ele se deve uma das
mais belas paginas sobre a humildade cristã.
Nesta secção, em que
confrontamos habitualmente duas imagens contrastantes, comparamos
hoje uma fotografia com uma prece.
Verão assim nossos leitores
como num coração verdadeira e sobrenaturalmente católico a mais alta
dignidade coexiste com a mais profunda humildade: imitação daquele
Coração Sagrado do qual a Igreja nos diz que, a um tempo, é Manso,
Humilde, e de uma infinita Majestade. |
Ó Jesus, manso e humilde de coração ouvi-me
Do desejo de ser estimado, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser amado, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser conhecido, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser honrado, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser louvado, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser preferido, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser consultado, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser aprovado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser humilhado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser desprezado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de sofrer repulsas, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser caluniado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser esquecido, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser ridicularizado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser infamado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser objeto de suspeita, livrai-me, ó Jesus.
Que os outros sejam amados mais do que eu, Jesus, dai-me a graça de
deseja-lo.
Que os outros sejam estimados mais do que eu, Jesus, dai-me a graça
de deseja-lo.
Que os outros possam elevar-se na opinião do mundo, e que eu possa
ser diminuído, Jesus, dai-me a graça de deseja-lo.
Que os outros possam ser escolhidos e eu posto de lado, Jesus,
dai-me a graça de deseja-lo.
Que os outros possam ser louvados e eu desprezado, Jesus, dai-me a
graça de deseja-lo.
Que os outros possam ser preferidos a mim em todas as coisas, Jesus,
dai-me a graça de deseja-lo.
Que os outros possam ser mais santos do que eu embora me torne santo
quanto me for possível, Jesus, dai-me a graça de deseja-lo. |