"Folha de S. Paulo", 9 de outubro de 1970 / Revista "Catolicismo", n° 239, novembro de 1970 (www.catolicismo.com.br)

Análise, defesa e pedido de diálogo

Carta aberta da TFP ao Cardeal D. Eugênio Sales

 

Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal Primaz

"Fiéis à nossa missão de promover a comunhão, apelamos para nossos irmãos leigos no sentido de (...) transformar em diálogo construtivo os atritos gerados pelo confronto de suas opções, e integrar, na comunhão, o que poderia vir a ser semente de dispersão".

I - Respeitoso pedido de diálogo

Com as palavras em epígrafe, a XI Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil dirigiu ao povo brasileiro, em 27 de maio deste ano, um convite à serenidade e concórdia.

Osculando a Sagrada Púrpura, os membros do Conselho Nacional da SOCIEDADE BRASILEIRA DE DEFESA DA TRADIÇÃO, FAMÍLIA E PROPRIEDADE, animados por tal convite, pedem respeitosamente a Vossa Eminência um diálogo sobre a mensagem radiofônica proferida por Vossa Eminência em Salvador, pela Rádio Cultura, no dia 19 de setembro p.p. Pois, se entre fiéis é de se desejar a "integração na comunhão", e é de se evitar qualquer causa ou "semente de dispersão", a fortiori se deve procurar o entendimento e evitar a desunião entre Pastores e fiéis. E se o diálogo é o instrumento idôneo para alcançar a concórdia entre irmãos, natural é que sirva ele também para unir os filhos aos Pais, nessa imensa e sobrenatural família que é a Igreja Católica.

Os temas tratados na mensagem de Vossa Eminência nos dizem respeito muito de perto. Pois um deles constitui explícita tomada de atitude de Vossa Eminência com relação à TFP, e o outro define a posição do Cardeal Primaz do Brasil em face do comunismo e do anticomunismo nas fileiras católicas.

 

  1. - Diálogo em legítima defesa

Acresce que as palavras de Vossa Eminência relativamente à TFP tiveram o efeito – aliás esperável – de ensejar uma larga investida publicitária contra nossa organização (ver: "Diário de Notícias" e "A Semana" de Salvador, "Jornal do Commercio" de Recife, "O Diário" de Belo Horizonte, "Gazeta do Povo" de Curitiba, "Correio do Povo" de Porto Alegre, "O Popular" de Goiânia", todos de 20 de setembro; "Jornal do Brasil" do Rio de janeiro, 20 e 22 de setembro; "Diário Popular" de São Paulo, 20 e 21 de setembro; "Tribuna da Bahia" de Salvador, de 21 de setembro; "Jornal da Bahia" de Salvador e "O Povo" de Fortaleza, ambos de 24 de setembro; revista "Veja" de 30 de setembro; "O Estado de S. Paulo" de 4 de outubro). De sorte que o presente pedido de diálogo é, de nossa parte, mais do que o exercício de um direito, o cumprimento de um grave dever. Pois a ninguém é lícito descuidar do conceito em que é tido perante o público.

 

2 - Diálogo para esclarecer nossa perplexidade

Entretanto, Senhor Cardeal, ainda que não tivesse a TFP sido mencionada por Vossa Eminência, este diálogo nos pareceria indispensável. Pois o documento de Vossa Eminência versou matéria delicada e de palpitante atualidade, sobre a qual largos setores da opinião pública se encontram em deplorável estado de perplexidade e confusão. Neste assunto, mais ainda do que em outros, as circunstâncias estão a clamar por princípios definidos e atitudes claras. E – seja-nos dado dizê-lo com o devido acatamento – nem uma nem outra coisa encontramos nas palavras de Vossa Eminência.

Pelo contrário, analisando-as com a atenção que merecem, nota-se que Vossa Eminência toma atitude definida contra esta Sociedade e contra o que se poderia chamar de "comunismo católico", mas deixa na penumbra sua posição em face do grande e verdadeiro flagelo da América Latina. Referimo-nos a uma certa esquerda católica, à maneira do PDC chileno, a qual protesta com todas as veras não ser comunista, porém por seu espírito socialista, por seu empenho em impor reformas confiscatórias, por sua colaboração com o comunismo, de fato abre caminho para este. É o rumo seguido por tantos pedecistas brasileiros, pelos padres de passeata e pelas freiras de mini-saia, por todos os que, em suma, constituem a "linha D. Helder".

Com efeito, permita-nos Vossa Eminência afirmar que, lidas as suas palavras, nada encontramos que as diferencie da ideologia e – por assim dizer – do dialeto democrata-cristão: o prisma é o mesmo, a linguagem a mesma, mesmas também as soluções. Em suma, nada encontramos que defina uma diversidade substancial entre a linha de Vossa Eminência e a de D. Helder Câmara.

É o que – não obstante algumas vigorosas críticas de Vossa Eminência ao comunismo – uma análise cuidadosa do texto de sua mensagem permite afirmar. E nos parece normal que, tendo Vossa Eminência desejado orientar o público nesta matéria, nós, que constituímos uma parcela do público, lhe peçamos um diálogo em que lhe exponhamos nossa perplexidade.

 

II - Respeitoso pedido de esclarecimento

Antes de tudo, Senhor Cardeal, sentimos a necessidade de dizer que as enérgicas referências de Vossa Eminência ao comunismo não bastam para definir seu pensamento no tocante ao dito esquerdismo católico.

 

1 - A democracia-cristã no Chile favorece o comunismo e com ele colabora

Seja-nos lícito entrar no terreno concreto dos fatos. Temos diante dos olhos a tragédia que se desenrola no país amigo, o Chile. Ali, os membros do Partido Democrata-Cristão – que, segundo o rótulo, se prezam de haurir na doutrina da Igreja a inspiração de seu procedimento político – favoreceram de todos os modos a vitória marxista.

Uma ponderável facção deles, com efeito, recusou seus votos ao candidato do próprio partido, para os dar ao candidato marxista. Da outra facção, isto é, da que ficou fiel ao candidato pedecista, se poderia esperar uma atitude menos escandalosa. Na realidade, os seus líderes dentro e fora do Parlamento, posto agora na alternativa de optar entre o candidato marxista e o que não o é, já declararam que em caso algum darão preferência a este último: modo mal velado de afirmar que, seja como for, levarão à suprema magistratura o marxista. Eles se colocaram assim, de antemão, em uma posição entreguista ante o marxismo vitorioso. E dessa maneira as negociações da DC com Allende, sejam quais forem as peripécias pelas quais talvez ainda passem, desfecharão forçosamente, ou num diktat a que a primeira terá de se sujeitar, ou em alguma outra solução que deixe o campo livre aos marxistas. Dada a capitulação inicial, a direção suprema do PDC nada poderá fazer de prático e de útil, caso Allende delibere aplicar desde já e à viva força todo o programa marxista. E, na hipótese muito mais provável de que Allende – à maneira de Hitler com os católicos alemães em 1933, e do comunismo com os democratas checos em 1945 – opte por preparar o país para uma ditadura totalitária por meio de um período de transição, a Democracia-Cristã já se apresenta sôfrega para o papel inglório do aliado-cúmplice, pronto a todas as imprevidências, todas as concessões e todas as humilhações.

Assim, por obra da DC, o Chile parece irreversivelmente posto a caminho da maior catástrofe que a uma nação possa acontecer. Catástrofe, sim, maior do que o insucesso do surto desenvolvimentista ou a própria perda da independência nacional. Catástrofe que implica não só em trocar o desenvolvimento pela involução, e a independência pela servidão a Moscou, como ainda em perder os tesouros espirituais da Fé, da cultura e da civilização cristãs, e aceitar os erros de Marx.

E não se diga que essa atitude da democracia-Cristã andina é de hoje, que ela resulta do desvario de paixões políticas desencadeadas no momento. Não. Ela tem suas raízes nos primórdios do demo-cristianismo chileno. Ela se afirmou até mesmo quando, no ano de 1964, o Sr. Eduardo Frei alcançou a suprema magistratura à testa de uma coligação formada para... salvar o Chile do comunismo! Pois desde os primeiros dias de sua gestão, e ao longo de todo o seu período presidencial, o Senhor Eduardo Frei Montalva preparou a recente vitória do marxismo. Predisse-o um dos signatários desta carta, em livro cujo título – "Frei, o Kerensky chileno" – marcou na fronte, com palavras indeléveis, o Presidente democrata-cristão. E a previsão, feita em 1967, se confirmou agora tragicamente, aos olhos da América e do mundo.

 

2 - Sem embargo, a DC chilena se diz contrária ao comunismo

Ora, Senhor Cardeal – e aqui está o ponto álgido do problema – a DC chilena jamais se disse nem hoje se diz marxista. Ela nega peremptoriamente, e como se fosse uma injúria, tal filiação doutrinária, e não seria difícil constituir um florilégio de afirmações antimarxistas nascidas da pena de líderes democratas-cristãos chilenos.

Como então a DC favorece o marxismo no país irmão? Como tende para ele? É o que em breve veremos. Baste-nos notar, ante o que foi dito, que afirmações energicamente anticomunistas não servem, por si só, como definição de uma linha de pensamento e de ação diversa da que caracteriza a DC.

E nem tampouco são suficientes para diferenciar alguém do que se pode chamar a "linha D. Helder" – em termos brasileiros o equivalente do pedecismo chileno. Também D. Helder Câmara de quando em quando tem feito censuras ao comunismo. E nem cremos que Vossa Eminência o tenha por comunista. Não basta, pois, que alguém ataque o comunismo, para que ipso facto se dissocie ideológica e praticamente de D. Helder.

 

3 - As cinco tomadas de posição pró-comunistas da DC chilena

A Democracia-Cristã chilena desempenha o papel de inocente-útil em face do marxismo, não porque se afirme favoravelmente a este, mas porque presume combatê-lo a partir de posições que redundam em fazer o jogo dele. Assim, ela:

1º) deposita toda a sua esperança de solução da questão social em um desenvolvimentismo igualitário. Ou seja, basta, segundo ele, que o país produza intensamente, e que as riquezas daí resultantes sejam igualmente distribuídas entre todos, para que a questão social esteja resolvida;

2º) visa a realização dessa meta por meio de reformas de base nebulosamente enunciadas, mas cuja tendência contínua é abolir a hereditariedade dos bens, igualar ao máximo os patrimônios e as classes, cercear, perseguir e difamar sistematicamente a iniciativa privada, e transferir quanto possível a direção da economia e da sociedade para o Estado;

3º) afirma, como corolário, que nas sociedades humanas tudo é móvel, instável e variável, deixando entender implicitamente que nada do que existe na atual estrutura social e econômica deve sobreviver no futuro;

4º) preconiza, como única forma de contenção do comunismo, o sistema de ceder para não perder, pelo qual, de concessão em concessão, os anticomunistas são levados à capitulação total;

5º) põe-se em atitude agressiva contra toda corrente, grupo ou organização que se dedique ex professo à luta contra o comunismo. E isto ainda quando os métodos dessa luta sejam exclusivamente de caráter ideológico, pacífico e legal, como é o caso da TFP.

O resultado prático desta "pentalogia" é claro. Uma vez que ela seja aceita por um setor da opinião, leva-o forçosamente a resignar-se com a vitória do comunismo, quando não a desejá-la. E isto ainda mesmo se os mestres do pedecismo lançam, de quando em quando, morras ao comunismo.

 

4 - A "linha D. Helder" e o reformismo pedecista chileno

Falamos da "linha D. Helder". A razão por que ela põe de sobressalto a imensa maioria dos brasileiros é precisamente esta. Ela restringe a uma distribuição de bens quanto possível igualitária, seus meios para resolver a questão social, pleiteia reformas a um tempo radicais e vagas, alimenta anseios indefinidos e insaciáveis de igualdade, ateia por toda parte uma verdadeira campanha de desconfiança entre as classes, bem como de malquerença contra a iniciativa privada e a propriedade individual. E – indispensável é acentuar – não poucos dentre seus componentes vilipendiam a luta anticomunista da TFP.

Em suma, 1º) a "linha D. Helder" não é o comunismo, mas não tem fronteiras claras que a separem dele; 2º) os ventos que no rumo dela sopram, conduzem todos ao comunismo; 3º) e o único setor de que ela se sente inimiga é o dos inimigos dele.

 

5 - Afinidades da mensagem do Senhor Cardeal Sales com o esquerdismo católico

Isto posto, Senhor Cardeal, as afirmações categóricas contra o comunismo contidas na mensagem de Vossa Eminência não bastam para formar o traço demarcatório que esperávamos. E, enquanto este traço falta, a afinidade com o que a "linha D. Helder" ou a DC chilena têm de essencial não falta.

 

a) Quanto às reformas de base

Na mensagem de Vossa Eminência o assunto de fundo é a posição dos católicos em face do comunismo.

Pedimos vênia para lembrar que o comunismo é uma doutrina repetidas vezes condenada pelos Papas como intrinsecamente má e incompatível de todo em todo com a doutrina da Igreja. Aos corifeus dessa doutrina, está sujeito um dos maiores impérios da História, isto é, o conjunto de nações chamadas habitualmente de "mundo comunista". Esse conjunto cobre 35,2 milhões de quilômetros quadrados, nos quais habitam, escravizadas, 1,2 bilhões de almas. Esse império tem a seu serviço, ademais, uma vasta zona de influência formada pelo Egito, Líbia, Argélia, Sudão, etc. Também a seu serviço estão os partidos comunistas ativos, organizados e aguerridos, existentes por toda parte no mundo livre. Por fim, e como se não bastasse, o comunismo internacional conta com o apoio dessa imensa urdidura de inocentes-úteis, de simpatizantes, de oportunistas, de traidores e de fanáticos embuçados, que se coligam e se mesclam nas organizações intituladas socialistas, progressistas, demo-cristãs, adeptas do Terceiro-Mundo, etc.

Encontramos na mensagem de Vossa Eminência a afirmação de que na "atual transformação da América Latina", própria a um "período de transição", cumpre apelar para as "legítimas e necessárias transformações sociais". Sustenta Vossa Eminência que o Documento de Medellin, a "teologia a libertação", e o "esforço de conscientização" podem, por si sós, conjurar o perigo comunista, desde que evitada nesta matéria qualquer interpretação eivada de comunismo. Assim diz expressamente Vossa Eminência: "Não devemos ter medo do comunismo, se não formos ingênuos na aceitação de princípios ou métodos que jamais poderão denominar-se de evangélicos".

Isto leva a pensar que, segundo Vossa Eminência, nenhum combate claro e sistemático aos erros e às tramas do comunismo, em outros termos nenhuma ação específica e declaradamente anticomunista é necessária para abater o imenso poderio vermelho. Bastaria, segundo Vossa Eminência, que se enunciassem na sua autenticidade os princípios "positivos" da doutrina social católica.

Assim, Eminentíssimo Senhor Cardeal, essas asserções não são de molde a nos esclarecer sobre o fundo do pensamento de Vossa Eminência, nem sobre a linha demarcatória entre sua posição e a de D. Helder.

Com efeito, se a este último perguntarmos o que pensa das reformas que pleiteia, responderá que são "legítimas e necessárias". Se lhe perguntarmos o que pensa a respeito do Documento de Medellin, da "teologia da libertação" ou da "conscientização", dirá que podem conduzir à solução de nossos problemas. E se lhe inquirirmos se interpreta esses conceitos em sentido marxista, dirá calorosamente que não. De outro lado, procure Vossa Eminência qualquer manifestação de apoio de D. Helder para com entidades especificamente anticomunistas; não cremos que encontre.

Em matéria de reformas, a linha demarcatória que desejamos conhecer – e conosco, estamos certos, o Brasil inteiro – consiste na definição do que sejam, de modo concreto e límpido, as transformações por Vossa Eminência julgadas legítimas e necessárias.

Dir-nos-á talvez Vossa Eminência que são as que forem conformes aos ensinamentos pontifícios, e que mais do que isto Vossa Eminência, enquanto Pastor, não é mister que diga.

Quanto a este último particular, permita-nos Vossa Eminência discordar. Sua mensagem desce do terreno dos princípios, para os fatos, e assevera que, em concreto, em nosso País e em nossos dias há que fazer "legítimas e necessárias transformações sociais". Vossa Eminência afirma implicitamente que conhece abusos ou deformações que clamam por remédio. Afirma pari passu que esses abusos e deformações têm remédio possível. Pois ninguém pede reforma do que não sabe estar errado, ou do que não julga reformável.

Ora, Vossa Eminência, que tem, pois, convicções sobre os aspectos concretos do assunto, agirá segundo a lógica de sua posição, declarando tais convicções. Se, com o peso de sua autoridade, Vossa Eminência quer contribuir para que as reformas passem dos princípios aos fatos, é forçoso que indique na ordem dos fatos para que meta caminha.

E, se Vossa Eminência deseja ficar no campo meramente doutrinário, pede a coerência que se abstenha de fazer quaisquer apreciações sobre situações de fato.

Ademais, permita-os acrescentar, Vossa Eminência que tão preocupado se mostra com a infiltração de conceitos marxistas nos meios católicos, só acautelará eficazmente contra tal infiltração o movimento reformista, se apreciar em concreto os desideratos deste. Pois é claro que o marxismo, sempre astuto, não se contenta em pairar na esfera abstrata dos princípios, mas emprega mil ardis para chegar a incubar-se nos fatos.

Assim, enquanto nada conhecermos sobre aquilo que Vossa Eminência deseja transformar na sociedade atual e como o deseja transformar, não teremos conhecido de Vossa Eminência senão as mesmas generalidades encontradas nos pronunciamentos de D. Helder.

 

b) Quanto ao anticomunismo especializado e militante

Já tratamos do assunto de passagem. Permita-nos Vossa Eminência voltar a ele.

Para conter em sua escalada pela dominação do mundo todo o imenso poderio que notoriamente, continuamente, onimodamente atua em prol da vitória do comunismo, quatro caminhos há para seguir:

1º) empreender reformas que, ajustando a sociedade atual aos princípios autênticos da justiça e da caridade, façam cessar os legítimos motivos de descontentamento, tirem ao comunismo os seus pretextos, dissociem dele os que não sejam comunistas senão por serem miseráveis e infelizes, e diminuam assim o ímpeto vermelho;

2º) ir mais longe, e aceitar reformas impregnadas de espírito comunista, a fim de desarmar pela atitude cordata a sanha comunista;

3º) mover conta o comunismo uma luta ideológica que lhe desmascare os sofismas, lhe ponha a nu os erros, e aponte ao mundo o fracasso a que ele conduziu as nações sujeitas a seu jugo. Completar essa ação ideológica com uma efetiva repressão legal à subversão marxista em todas as suas formas;

4º) entrar na ilegalidade e na criminalidade, organizando uma subversão e um terrorismo anticomunistas, simétricos com o terrorismo e a subversão comunistas.

Em rigor, estas vias não se excluem reciprocamente.

A TFP, por exemplo, só vê possibilidade de uma vitória do mundo livre sobre o comunismo internacional, mediante a adoção conjugada das fórmulas 1 e 3. Ela sempre recusou as fórmulas 2 e 4.

Pelo contrário, o pedecismo chileno e as pessoas filiadas no Brasil à "linha D. Helder" parecem aceitar a via 1, e pôr o melhor de suas esperanças na de nº 2. Quanto à fórmula 3, sem a rejeitarem expressamente, jamais a afirmam necessária. E para as entidades privadas que se dedicam à luta ideológica segundo essa fórmula, tais pessoas só têm palavras de sarcasmo, de suspicácia ou de hostilidade.

Outra coisa não encontramos na mensagem de Vossa Eminência. O único tópico que nela se refere às entidades anticomunistas é este: "É certo, de um lado, que há uma fobia de comunismo, que não é raro constatar-se que este espantalho é utilizado para fins escusos, inclusive o de impedir as legítimas e necessárias transformações sociais, ou intitular de marxismo o que é o Evangelho autenticamente interpretado".

Estas palavras que traçam a caricatura e não o retrato do anticomunismo, despertam em nosso espírito uma pergunta. O Cardeal Primaz do Brasil reconhece a legitimidade e a necessidade de organizações que, dentro da fórmula 3, se consagrem principal ou exclusivamente a estudar a doutrina, os métodos, a história, a ação presente do comunismo, a denunciar e destruir as tramas deste, a fazer, enfim, tudo quanto de legítimo uma luta anticomunista comporta?

A TFP, em parte, isto é, quanto à sua ação ideológica, se enquadra nessa descrição. E em parte a TFP extravasa dela, pois exerce também uma ação social. O Cardeal Primaz visou a TFP quando fez a caricatura das organizações anticomunistas?

 

c) Quanto à repressão ao comunismo pela Hierarquia Eclesiástica

Volvamos, de modo agora mais detido, à posição de Vossa Eminência em face de um dos aspectos mais importantes do anticomunismo, ou seja, o da repressão do comunismo na Igreja, feita pela Hierarquia.

 

– NOSSO APLAUSO

Na mensagem de Vossa Eminência, notamos com alegria o reconhecimento da existência de uma grave infiltração comunista nos meios católicos. Mais ainda, Vossa Eminência reconhece o quanto serve ao comunismo essa infiltração.

 

– A GRAVIDADE DO MAL PEDE MAIS DO QUE PALAVRAS

No momento em que essas palavras de Vossa Eminência saem a lume, motivadas provavelmente pelo que Vossa Eminência presencia em sua Arquidiocese e em todo o País, a infiltração marxista em meios católicos grassa de há muito, de norte a sul, no território nacional. E não é por outra razão que esta Sociedade – e outras vozes autorizadas – vêm implorando há anos, ora à Santa Sé, ora ao Episcopado Nacional, medidas que ponham cobro ao que, sem exagero, se pode chamar de verdadeiro e calamitoso incêndio.

Assim, suplicamos a Vossa Eminência que sua tomada de posição, tão oportuna e alvissareira, nem se circunscreva à sua Arquidiocese, nem fique nos termos meramente doutrinários e genéricos de sua mensagem em apreço. A gravidade do mal pede não só uma ação doutrinária de todo o Episcopado Nacional, como medidas concretas que importem na investigação canônica, séria e profunda, sobre os responsáveis pela situação calamitosa em que nos encontramos, e na decretação de penalidades também canônicas, que afastem do convívio dos fiéis os responsáveis por tal infiltração.

Permita-nos Vossa Eminência acentuar que – dirigindo-nos a uma Autoridade Eclesiástica – falamos em investigação canônica e não em investigação policial. Que nos referimos a penas canônicas, e não a penas impostas pelo Poder Temporal.

Com efeito, os problemas internos da Igreja não podem ser resolvidos com toda a eficácia e delicadeza desejáveis, sem o pleno desenvolvimento da ação do Poder Espiritual, isto é, da Hierarquia Eclesiástica. À míngua da ação clara, cabal e corajosa desta dentro de sua específica esfera de ação, tem o País vivido dias, meses e anos de perturbação e sobressalto. E o Poder Temporal se sente mal à vontade para remediar em toda a medida do necessário os abalos que resultam para a ordem civil, das perturbações ocorridas no seio da Igreja.

Não nos tem faltado, de quando em vez, um ou outro pronunciamento de membros da Hierarquia, como este de Vossa Eminência. Mas os fatos provam que pronunciamentos tais, de caráter estritamente docente, e além do mais esporádicos, não têm impedido o incêndio de crescer.

E até onde pode chegar esse incêndio, bem o vemos ao deitar os olhos em países irmãos e vizinhos. Aludimos há pouco ao que se passa entre o PDC chileno e o comunismo. Na Argentina, Sacerdotes do Terceiro-Mundo não se pejam de aplaudir o bárbaro assassínio do General Aramburu, e de pregar a violência em termos tais, que, a pedido do Governo, a Hierarquia e o próprio Pontífice Romano intervieram para verberar esse desmando. O Uruguai presenciou com espanto e desconcerto a atuação do ex-jesuíta Pe. Zaffaroni, que se fez Padre-operário para pregar a luta de classes no "Movimento Revolucionário Oriental" (MRO) – filiado à FIDEL ("Frente Izquierdista de Liberación"). Na Colombia, assistimos à atuação escandalosa do malogrado Pe. Camilo Torres, tão elogiado em círculos católicos do Brasil, e em dias mais recentes aos desmandos dos Padres de Golconda.

Oh, Senhor Cardeal, se antes de chegarem ao presente auge essas calamidades, tivesse sido ouvida a mensagem de dois milhões de católicos, promovida pelas TFPs do Brasil, Chile, Argentina e Uruguai, que vergonha teria sido evitada para a Igreja! Porque, enfim, necessário é que se diga, o que ocorre no Chile, o que ocorreu na Argentina, no Uruguai, na Colombia, não são escândalos quaisquer. São escândalos dos piores e dos mais vergonhosos que a História da Igreja, em vinte séculos, tenha a registrar!

Perdoe-nos Vossa Eminência a afirmação. Mas ela corresponde à própria evidência dos fatos, e está na consciência de todos.

 

– FALTA DE CARIDADE?

Mas, dirá talvez Vossa Eminência, esses métodos que aqui propomos são contrários à caridade cristã e não são próprios aos nossos dias de liberdade. Hoje a Igreja prefere, como mais adequado, mais convincente e mais santo, restringir suas condenações ao mero terreno da doutrina, sem mencionar nomes de pessoas ou organizações, nem tomar medidas concretas contra estas ou aquelas.

Não cremos que em tempo algum a Igreja possa renunciar, por princípio, ao emprego das penalidades eclesiásticas como incompatíveis com a doçura do Evangelho. Seria confessar que Ela mesmo errou quando instituiu essas penalidades, lhes proclamou a santidade intrínseca, e as aplicou. E aplicou por mãos de Santos. Haja visto São Pio X, que delas se serviu em larga escala para combater a heresia modernista, e que Pio XII canonizou em 1954, apontando-o a justo título como modelo... de doçura e bondade.

 

– EM FACE DO COMUNISMO E DA TFP, DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS

Se a renúncia ao uso desses meios não é baseada numa questão de princípio, mas apenas de oportunidade, então seja-nos permitido indagar por que toda essa suavidade de atitudes de Vossa Eminência – para não aludir senão a Vossa Eminência – é só para a esquerda?... Enquanto Vossa Eminência assim poupa os responsáveis pela avalanche vermelha na Igreja, por que age de modo exatamente oposto com os que estão à direita, como é o caso da TFP?

Sim. Pois ao mesmo passo que sua mensagem acumula sobre a esquerda a nuvem de umas tantas discrepâncias doutrinárias, desacompanhadas do raio de qualquer referência pessoal, sobre a TFP – contra a qual Vossa Eminência nenhuma objeção doutrinária pode ter – Vossa Eminência lança o raio de uma advertência clara, direta, nominal.

Assim – insistimos respeitosamente – para o comunismo, trovoadas sem raio. Para o anticomunismo, raio sem trovoada.

Não cremos, Senhor Cardeal, que a continuar essa conduta, possam ser muitos os que Vossa Eminência intimide ou desalente na esquerda. Intimidação e desalento, Vossa Eminência só os traz à direita. E, ipso facto, Vossa Eminência mais aproxima nosso País, do que o afasta, de escândalos como os que ocorrem no Chile e na Argentina.

 

d) Quanto à controvérsia nacional sobre D. Helder

Estava a redação do presente documento quase concluída, quando nos chegou ao conhecimento, através da imprensa, um resumo da ardorosa alocução em que Vossa Eminência toma clara posição em defesa de D. Helder Câmara, na controvérsia nacional que o pensamento e a obra do Arcebispo de Olinda e Recife suscitam. A leitura de mais estas palavras de vossa Eminência aumentou ainda nossa perplexidade acerca de sua posição perante a "linha D. Helder Câmara".

Faz Vossa Eminência ardorosos e categóricos elogios a D. Helder. Atesta sua ortodoxia e virtude, manifestando-se seguro de sua "adesão a Pedro na pessoa do Papa" e de sua "vocação de serviço aos pobres", e acrescentando que "sua piedade é sincera". Nesta perspectiva, afirma Vossa Eminência mais adiante que só concebe que alguém divirja de D. Helder em matéria contingente e secundária: "Dentro da unidade doutrinária e disciplinar, há lugar para divergências em pontos não essenciais, quando se trata de métodos pastorais ou da aplicação da doutrina a fatos concretos, como decorrência da inserção da Igreja no mundo. Não podemos admitir que, por discordâncias admissíveis nestes pontos, se extrapolem e se lancem suspeitas ou desconfianças sobre a integridade de um homem da Igreja, utilizando os métodos acima referidos".

Esta a parte elogiosa a D.Helder. É clara, fogosa, até diríamos polêmica.

Mais cautela ficaria bem ao Primaz do Brasil, em matéria de tanta gravidade. Isto evitaria para Vossa Eminência o dissabor de ver que, no próprio dia em que os jornais publicaram seu panegírico do Arcebispo Vermelho, o Governador de São Paulo, Sr. Abreu Sodré, vindo da Europa onde pôde analisar a obra malfazeja de D. Helder, declarou à imprensa: "D. Helder Câmara pertence à máquina de propaganda do Partido Comunista e é um elemento de sua promoção na Europa. Recebe, viaja e é subvencionado para isso. Como as esquerdas querem uma vedette não de barbas e charuto na mão, mas de batina, usam-no no Exterior para denegrir o Brasil. É o que esse Fidel Castro de batina tem feito na Europa".

Isto posto, analisemos as restrições que Vossa Eminência deixa aparecer quanto à atuação do Prelado. Como são vagas! "Podemos discordar de algumas posições assumidas pelo Arcebispo de Olinda e Recife", e mais adiante: "pode-se desejar novos rumos nos pronunciamentos do Padre Helder aqui e fora do país".

Perguntamo-nos quais as posições de D. Helder a cujo respeito Vossa Eminência julga lícita a discordância, e no que essa discordância consiste. Perguntamo-nos ainda no que os rumos de D. Helder podem ser corrigidos. As palavras de Vossa Eminência nada dizem a respeito.

Em suma, é fácil perceber tudo quanto une Vossa Eminência ao pensamento e à obra de D. Helder. E impossível discernir o que realmente o separa dele.

 

III - TFP em legítima defesa

Cabe-nos agora, Senhor Cardeal, analisar a mensagem de Vossa Eminência na parte que contém um formal e declarado ataque à TFP.

 

1 - Um alerta injurioso e arbitrário

Declara Vossa Eminência que os católicos devem estar "alertas (...) com o movimento denominado Tradição, Família e Propriedade". E por quê?

A razão alegada explicitamente – pelo menos segundo o texto impresso que o já aludido estrondo publicitário levou ao conhecimento de todo o País – é só esta: porque tal movimento "não conta com a aprovação e qualquer apoio desta Arquidiocese".

A explicação não poderia ser mais sibilina. Pois de um lado ela faz entender que esta Sociedade não pediu licença a Vossa Eminência para se instalar na Bahia. Mas omite de dizer que, entidade cívica que é, falando sempre em nome próprio e jamais no da Hierarquia, a TFP – segundo a lei canônica – não precisa de tal licença. E que, assim, o simples fato de não termos a licença de Vossa Eminência, não é razão para que alguém se alerte contra nós.

É bem certo que a TFP procura alicerçar suas teses na doutrina católica, e neste ponto está ela sujeita à censura da Autoridade Eclesiástica. Se Vossa Eminência encontrar nos livros e escritos desta Sociedade qualquer erro doutrinário, humildemente nos submeteremos. Mas não é isto que Vossa Eminência alega. Vossa Eminência alega que não temos sua licença. E sabe entretanto que as leis da Igreja nos dão o direito de existir sem ela.

Ou então teria Vossa Eminência querido dizer que tem motivos outros, que nos desabonam em seu conceito? Em tal caso, assiste-nos o direito de pedir-lhe que declare quais são. Pois essa tomada de posição contra a TFP, tão categórica e ademais transformada pelo estrondo publicitário em uma verdadeira – e aliás vã – tentativa de amotinar contra esta Sociedade a opinião nacional, tem todo o ressaibo do despotismo pelo próprio fato de vir desacompanhada de qualquer fundamentação. A atitude de Vossa Eminência não teria sentido diverso se tivesse sido redigida nos seguintes termos: alertamos os fiéis contra a TFP porque tal é o nosso bel prazer. Isto, Senhor Cardeal, em plena era pós-conciliar, quando a própria Congregação para a Doutrina da Fé se desvanece em não mais usar os métodos da Congregação do Santo Ofício, tão justos em si mesmos e tão mais benignos que o de Vossa Eminência.

Acresce que, se no papel impresso Vossa Eminência se limitou a alertar os fiéis contra a TFP, na gravação em fita magnética que temos em nosso poder, Vossa Eminência foi bem mais longe e declarou expressamente que "reprovava" esta Sociedade.

Quanto mais pesada a medida, mais dura é a carência de explicação, e mais sagrado é o direito que assiste à parte lesada, de ser informada a respeito.

 

2 - Censura sem defesa prévia

E se julga ter motivos para tal atitude, porque, antes de difamar a TFP, Vossa Eminência não nos convocou para um diálogo esclarecedor? Por que nos feriu sem nos ouvir, ao passo que aos católicos que infiltram o marxismo na Igreja, Vossa Eminência, que lhes conhece a ação, evita de ferir?

 

3 - Unilateralidade iníqua

Permita-nos Vossa Eminência que ao comentário sobre a parcialidade dessa atitude acrescentemos uma reflexão sobre o que ela tem de iníquo. Pois é contra toda a eqüidade que Vossa Eminência, ao alvejar assim a TFP, e mesmo que tivesse justos motivos para tal, haja omitido a menção dos serviços que – segundo públicos e calorosos testemunhos de centenas de milhares de Brasileiros, inclusive vários Bispos – ela vem prestando à civilização cristã.

 

4 - Golpear o porta-bandeira é atirar a bandeira por terra

Mais ainda, Vossa Eminência escolheu o momento preciso em que a TFP empreendia um hercúleo esforço no sentido de pôr o povo brasileiro de sobreaviso a respeito do escândalo chileno, para então procurar prostrá-la por terra. E, parecendo não contente com isso, depois de regressar de Roma, e já então tendo em vista a explosão publicitária que sua mensagem havia causado, reafirmou-a para a imprensa no dia 3 de outubro, produzindo alento, gáudio e reconforto para os esquerdistas, comunistóides e comunistas de todo o Brasil. Pois vendo alvejado o porta-bandeira, bem terão compreendido que se criam condições para que a bandeira caia por terra...

 

IV - Reiterando o pedido de diálogo

Numa época em que contestações revolucionárias mais ou menos impunemente se estendem como vagalhões pelas imensidades do mundo católico, a presente carta aberta parecerá talvez insossa aos que se comprazem em acontecimentos sensacionais e "ardidos". Não nos perturba essa hipótese.

Somos contrários ao espírito contestador, aos métodos contestadores e à contestação. Desejamos ser submissos – em toda a medida exigida pelas leis canônicas – à Autoridade Eclesiástica legítima.

Não julgamos, porém, que por isto nos falte o direito de representar a essa Autoridade, com o devido respeito, sobre o que no ensinamento dela (quando não revestido do caráter de infalibilidade), ou nas suas atitudes, possa causar perplexidade e desconcerto.

Com efeito, uma Autoridade Eclesiástica – mesmo altamente colocada como Vossa Eminência – pode ter ensinamentos e atitudes passíveis de reparo. E não se diminui ao reconhecê-las.

Ao dizê-lo, nos ocorrem as palavras de Paulo VI referentes às lutas passadas, entre a Santa Igreja e as seitas heréticas ou cismáticas: "Se alguma culpa nos cabe por esta separação, pedimos perdão a Deus humildemente, e rogamos também aos irmãos que se sentem ofendidos por nós, que nos desculpem" (Discurso de Abertura do II período de Sessões do II Concílio Ecumênico Vaticano, em 30 de setembro de 1963).

Assim sendo, não é de causar estranheza que nas palavras de Vossa Eminência encontremos filiais reparos a fazer. E que sobre esses reparos, respeitosamente, peçamos um diálogo.

E sobretudo não pode causar estranheza que, alvo de um ataque público que de pronto repercutiu em numerosos órgãos da imprensa brasileira (como ficou dito acima, no item I-1), nos defendamos.

Como é bem de ver, tal diálogo deverá versar sobre três temas:

1º) o traço demarcatório entre o pensamento e as metas concretas de Vossa Eminência em matéria de reformas de estrutura, de um lado, e, de outro, o espírito, as tendências e as metas genéricas que caracterizam o esquerdismo católico, ou seja, a chamada "linha D. Helder";

2º) a legitimidade e a necessidade de organizações especificamente anticomunistas, destinadas a combater os erros e desfazer as tramas comunistas;

3º) a TFP: que há nela segundo Vossa Eminência, para a "reprovar" e "alertar contra ela" os ouvintes de Vossa Eminência?

* * *

Assim formulado nosso pedido de diálogo, resta-nos apenas agradecer antecipadamente a atenção que Vossa Eminência queira dar à presente, solicitando ao mesmo tempo sua valiosa bênção.

De Vossa Eminência Reverendíssima nos subscrevemos com veneração.

In Jesu et Maria

São Paulo, 5 de outubro de 1970

O CONSELHO NACIONAL DA TFP

PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA – Presidente

Fernando Furquim de Almeida – Vice-Presidente

Eduardo de Barros Brotero – 1º Secretário

Caio Vidigal Xavier da Silveira – 2º Secretário

Adolpho Lindenberg

Alberto Luiz Du Plessis

Arnaldo Vidigal Xavier da Silveira

Fábio Vidigal Xavier da Silveira

Giocondo Mário Vita

João Sampaio Neto

José de Azeredo Santos

José Carlos Castilho de Andrade

José Fernando de Camargo

José Gonzaga de Arruda

Luiz Mendonça de Freitas

Luiz Nazareno de Assumpção Filho

Paulo Barros de Ulhôa Cintra

Paulo Corrêa de Brito Filho

Plinio Vidigal Xavier da Silveira